sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Rascunho: Eu sou ninguém.



 "... uma partícula a menos de areia
não faz diminuir a poeira."


Grande guerreiro interior,
jogue sua arma fora.
Não consigo mais pensar positivo
e sei que a noite é escrava de deprimidos.

A derrota veio com um generoso copo de vinho
e lutar já é tão enfadonho...
Imagine que uma partícula a menos de areia
não faz diminuir a poeira.

Olhe, eu só preciso de uma música
que faça valer a descida.
Fique com sua resistência,
não preciso me arrastar ao desafio.

E certamente no salão do orgulho,
que digam o que importar sobre mim.
Pois o que me importa eu levo comigo
e nunca serei da conta de ninguém.

Escrito: 17/10/2017 Por: Fernando do Amaral

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sábado, 12 de dezembro de 2020

Rascunho: Velhos padrões, oh yeah!

...ela disse que nenhuma criança existe na metrópole.
Disse que a infância é uma caixa de imagens
com sonhos que não se podem tocar.


 

Meu caminho é estreito, mas não sigo para o céu.
Parei de fazer o que diziam ser certo,
parei também de contrariar as expectativas.
Agora sou só mais um com opiniões próprias.
Em meu caminho, vi um velho e uma criança.
Eu disse pra ele que não sei para aonde vou,
mas vou para algum lugar
sem penar minha consciência durante a trajetória.


Aquele velho com semblante sério
não entendeu o que eu disse
e preferiu me julgar com seus padrões morais.

Velhos padrões, oh yeah!

A criança me pediu um doce,
mas ela esta em uma época
em que não deveria saber de tal coisa.

- Criança, por que quer viajar?

Ser criança já é uma viagem!

Mas com lágrima nos olhos
ela disse que nenhuma criança existe na metrópole.
Disse que a infância é uma caixa de imagens
com sonhos que não se podem tocar.
Os adultos se emocionam
e riem de imagens animadas
e esperam que crianças sejam iguais.
Na metrópole a criança é uma miniatura
de padrões comportamentais adultas.

O velho não podia ouvir a criança e me condenava
dizendo que eu ia queimar no inferno.
Como pode preocupar se com o meu destino
e não dar atenção aos sentimentos
da criança ao seu lado?

Velhos padrões morais do que eu não posso fazer.
Coisas certas e erradas
que tormenta a mente do velho
estão o deixando cansado,
ele já não consegue mais ver
ou ouvir aquela criança.
Tudo o que vê, é uma lista de erros
e uma recompensa invisível, no final da lista.

Eu cansei de ouvir o sermão,
olhei para a triste criança e vi no semblante dela
o medo de um dia ser velho também,
então disse adeus e voltei a caminhar.
O velho me disse,
não vá por esse caminho que você vai se perder.
Olhei confuso para a criança e ela me disse:

- Não me importo com o caminho que escolher,
apenas me leve com você.


Peguei na mão da criança e a puxei,
pela primeira vez eu a vi sorrindo e
o velho fez uma carranca,
mas não teve força para reagir.
Então eu vi meu próprio sorriso,
acordei olhei para o espelho.
Lembrei-me de como eu era
quando eu tinha 10 anos.


Meu caminho é largo, mas não sigo para o inferno.
Parei de fazer o que diziam ser certo,
parei também de contrariar as expectativas.
Agora sou só mais um
com mais perguntas do que respostas.


Escrito: 04/04/2001 Por: Fernando do Amaral

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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Rascunho: Amargura 2015.


E preste atenção,
a internet está ficando pior que televisão.


Ludibriei meus desejos
por necessidade de ser alguém.
Troquei minhas sensações por poder de consumo.
E tem quem pergunte, se o homem moderno é feliz...

E sabe o que eu odeio?
É gente bem sucedida
que cospe escárnio no sucesso.
Endinheirados da mídia, orientando
que não devemos reclamar do salário mínimo,
da má infraestrutura pública,
dos impostos e corrupção.

Acordo cedo e não tem água para o banho,
mas tem dia feliz que tem água,
pena que não tem eletricidade.
Um banho gelado,
uma roupa amassada e um café rápido.
E que comece o dia, com transporte lotado,
trânsito carregado e um dia cheio de trabalho.

Graças a Deus, parece que vai chover à tarde.
Pena que aquele trecho vai alagar
e vou chegar mais tarde em casa...
Pelo menos,
se um por cento da repressa subir já ajuda.
Essa história da crise da água é uma novidade.

Eu fico triste, parece que só tem novidade ruim.
Música ruim, filme ruim, livro ruim...
Os bons, não são tão divulgados.

E preste atenção,
a internet está ficando pior que televisão.

Ludibriei meus desejos
por necessidade de ser alguém.
Troquei minhas sensações por poder de consumo.
E tem quem pergunte, se o homem moderno é feliz...

E eu até gostava de assistir um futebol,
uma luta uma boa comédia.
Mas não sei, de uns tempos para cá,
tantos os esportistas quanto artistas
parecem que são irreais demais,
parecem não existirem no meu mundo.
Daí eu desligo tudo, e saio por ai com a mente ligada,
pensando em meus motivos para ser afortunado.

Tanta incerteza, tanta corrupção.
A copa, felicidade da Alemanha.
E eu não tenho nada com isso,
meus sete anos de trabalho e economia,
não comprará um bom imóvel.

Que contraste, na campanha todos são cidadãos.
Mas para falar de um governo ruim,
o cidadão ganha adjetivos pejorativos.

Até quando?
É democracia,
então como justificar “esquerda-direita”?
E é aquela palhaçada,
dizem que nação são união e pátria.

Partido não é bandeira.
Partido não é patriotismo.
Partido não representa a nação.
Partido é somente uma comédia triste,
para rir depois da eleição.

E o hino nacional,
não foi feito somente para enfeitar o gramado.

Escrito: 01/02/2015 Por: Fernando do Amaral

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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Eu assisti: Dark.





Tempo.
O tempo é considerado quase como uma entidade inerente a qualquer dogma ou filosofia, pertencente ao campo da ciência com uma definição relativa, e temática constante na ficção científica em diversos conteúdos em diferentes épocas. O interessante da ficção, é que pode tratar o tema inserindo um ou todos os itens mencionados, explorando aspectos específicos e aprofundando uma ou mais discussão.
Em Dark, o tempo para alguns personagens é um acessório quase que tangível, é possível voltar e avançar no tempo, e fazer disso uma ferramenta para construir o futuro, porém, existe o elemento chave de toda as ações, não importa os eventos, o futuro é imutável. No caso, voltar ou avançar no tempo serve para preservar o loop angustiante dos personagens.

Lugar.
Tirando as possibilidades do mundo virtual, é possível estar presente em somente um lugar por vez, em Dark, viajar no tempo não quebra essa regra, pois considere que a consciência é o que determina "estar presente". Quando por exemplo, Jonas do presente encontrava com Jonas do futuro, eram, consciências diferentes, então, quando alguém viaja pelo tempo, não é o mesmo que existir no passado e futuro. Talvez o mais próximo de um ser estar em dois lugares ao mesmo tempo, poderia ser a outra dimensão, o mundo B. Porém (e aqui pego um exemplo, existem outros), se Cláudia matou a Cláudia de outro mundo então são duas consciências diferentes.

Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou?

De certa forma, Jonas conseguiu responder essas questões existências sem ficar na filosofia, o preço para isso foi abrir mão da própria existência.
Quem sou?
Jonas descobre sua origem e as circunstâncias de sua origem. E vale destacar que ele não é o mesmo em diferentes períodos, e trazendo para o nosso mundo, também é exatamente assim, o eu de ontem não é o mesmo eu de hoje. Ter consciência disso é um poder pessoal considerável, pense que ser único em diferentes intervalos de tempo torna possível tomar decisões mais precisas de acordo com o ser presente no momento. Quem não sabe disso, vive preso em um "eu" do passado e toma as decisões como se fosse a mesma pessoa do passado ou age por impulsos de um vislumbre fantasioso do futuro. Foi assim que Jonas do futuro manipulava o Jonas do presente.
De onde vim e para onde vou?
Jonas poderia continuar vivendo em Loop infinito, porém diante a todo o sofrimento que ele e os demais estavam destinados, o melhor foi quebrar o Loop. Observe que não foi somente o lado ruim, mas também todo o lado bom, todas as experiências e sensações únicas de um ser humano passaram a não mais existir.
Assim como em Dark, não temos controle do antes e depois e o que importa é, estar presente. Claro que existe a prevenção para o amanhã, uma expectativa do futuro, porém não é um controle exato. Ter consciência disso, ajuda a compreender o quão importante é viver o tempo e lugar, e o que passar disso, pode ser uma ilusão difícil de escapar, assim como aconteceu com Jonas velho, que tinha a ilusão de controle sobre os acontecimentos na linha do tempo, e por conta disso causa sofrimento a si mesmo.

Dark é uma série que entrará fácil para a lista das séries queridas, que de tempos em tempos será comentada e usada como parâmetro para outras futuras do gênero. E por mencionar uma comparação, o fenômeno de Dark, foi parecido com o de Lost, com o diferencial que uma teve início, meio e fim.
Assim como Lost, abre espaço para diversas discussões e teorias. Ótima série, que merece ver de novo e formular novas opiniões.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Eu assisti: Coringa.


A cura para o louco é a loucura.


Contém Spoliers.


“A pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se comporte como se não a tivesse.”


Após terminar o filme, a sensação que tive foi de ter visto um gênero drama psicológico, fora do universo da DC, embora seja comum para esse universo, o flerte com esse gênero. O nome Coringa estava ali somente como um chamariz, para então apresentar a vida cruel de um personagem, que pouco a pouco vai sendo descascado como uma cebola, e a cada camada uma problema difícil de digerir, afinal, problema todo mundo tem, mas alguns tem mais que os outros, e é o caso aqui.

O cão faminto.
Coringa, é em primeiro momento, um coitado.
Por conta da sua aparente esquisitice e problema neurológico, fica óbvio que trabalhar como palhaço, não é uma opção. Rir de si mesmo, permite fazer disso um ganha-pão cruel, já que ele não conta a piada, mas é a própria piada. Somando isso com a pobreza e o sentimento de ser desconsiderado pela sociedade, temos uma pessoa com autoestima baixa, um perigo para si mesmo.
Ser desconsiderado pela sociedade, não é aqui somente uma impressão através de gestos, a cena do espancamento depois de ter a placa roubada enquanto trabalhava, invisível como indivíduo e visível como palhaço, mostra o quão frágil e a margem da sociedade o personagem está inserido. 
E este é só o começo, a seguir tudo na vida do personagem é uma tragédia. A demissão seguida de um novo espancamento no trem, leva para os três primeiros assassinatos, o que representa para o personagem matar sua insignificância perante a sociedade. É o cão faminto, que quando acuado ataca.

Identidade quebrada.
O único porto seguro que era a mãe debilitada, desmorona sem dar tempo para ele se recuperar. Ao mesmo tempo que perde o amor maternal, perde também a identidade. Interessante que ao buscar a identidade existe também a busca por um reconhecimento paternal, o qual é negado de forma bruta. Antes podia dizer ser filho de alguém, podia dizer que tinha uma pessoa querida para cuidar, e então resta aceitar que aquela pessoa é a provável causa de seu problema neurológico, e por conseguinte outras dificuldades que o acompanha.

A fuga da realidade.
Quando Arthur Fleck sufoca a mãe no hospital, sufoca também a ilusão de ser uma pessoa normal, a mesma que alimentava um relacionamento fictício com a vizinha. A ilusão era um refúgio para onde podia absorver um pouco da perspectiva de vida normal, o que psicologicamente impedia de tomar atitudes características do personagem Coringa, tal como conhecemos.
Enquanto assassinar os três indivíduos, pode ser considerado como auto defesa acompanhada de revolta, os outros assassinatos foram o fim da ilusão que alimentava, pois no final, temos um personagem niilista.

Aceitação do fracasso.
O filme reforça que rir de uma pessoa é perverso, e no caso pode ter consequência funesta.
Arthur tem um instante de felicidade por ver seu ídolo mencionar um vídeo dele no stand-up e a seguir se decepciona ao perceber, que era novamente uma piada. E quase podemos sentir aquela felicidade ser pisoteada por alguém em posição privilegiada que se quer faz ideia da problemática vida de quem é tirado como motivo de piada. Quando convidado para ser apresentado no programa, ele sabe que as pessoas não se importam com sua arte, e mesmo que explicasse o quão doloroso é ser uma piada, sabe que não resulta em empatia, porque pessoas são diferentes vivem em esferas diferentes, e no geral só querem rir de um fracassado.

Desgraça alheia.
O desfecho final, é o único momento em que podemos ver o "Coringa".
A figura franzina, depressiva e transtornada durante a maior parte do filme (definitivamente não é o Coringa), chega a dar pena e causar reflexão do quanto nós somos julgadores e insensíveis ao compartilhar uma mídia, somente por achar engraçado, sem conhecer o que existe por trás. A desgraça alheia é uma comédia, e Arthur percebe que pode sentir se bem em causar a desgraça na vida de outro.

Coringa é um agente do caos, sua aparição representa a anarquia e seus métodos são imprevisíveis. É um personagem insano que causa medo e não sentimento de solidariedade.
Apesar de pouco coringa na maior parte do filme, gostei!


Rascunho: Hábitos.


"Hábitos que tenho consciência.
E por consciência, vem a auto culpa que condena."


Meus malditos hábitos
Aqueles que fazem os outros me criticarem
Aqueles que me encontram nos piores momentos
Em que me encaro no espelho e vejo defeitos atrás das olheiras.

Todos os dias eu lembro deles,
ou eles que não me esquecem.
Hábitos estranhos que eu não deveria ter.
Hábitos que tenho consciência.
E por consciência, vem a auto culpa que condena.

Dizem o que devo fazer.
É hora de combater o hábito.
Hora de trancar na jaula e matar pouco a pouco...

Que mentira.
Pois o hábito tem vida própria e anseia por liberdade,
não por prisão nem por morte.
Não deve tratá-lo como o mar, pois as ondas vão e voltam
E quando vão me engana e quando volta me despedaça.

O hábito tem que fluir como o rio,
livre de culpas, sem barreiras.
Certo que será um afluente e de insignificante desaguará.
Vai desaparecer como se nunca tivesse existido.

Mas se antes esse hábito me matar,
é porque tentei contê-lo com receitas de outrem.

Cada um sabe de si, cada um tem seu tempo
Hábitos? Que hábitos? Deixei fluir.

Escrito: 08/03/1999 Por: Fernando do Amaral


Um gole de Uísque.
Um texto que reflete sobre os defeitos humanos, alvos de crítica dos outros ou da auto critica.
No texto, defende que nem sempre devemos levar a vida combatendo nossos defeitos motivados pelo que outras pessoas dizem.

As outras pessoas não são tão sábias a ponto de definir o que devemos fazer e como devemos fazer para eliminar nossos defeitos. É preciso perceber que aqueles que trazem soluções para tudo, são também suscetíveis aos maus hábitos.

Com base nessa ideia, será que devemos levar ao pé da letra e não ouvir ninguém?
Bom, cada um tem o seu tempo, cada um pode encontrar o que é melhor para si. As vezes parar de beber, de fumar, de se auto destruir, de engordar ou banalidades, é um ato tão comum como parar de roer as unhas. O que realmente importa é saber encontrar em si mesmo, o momento de deixar fluir.

Eu digo a verdade? Decida você leitor! Só não se esqueça daquela música:
Ouça o Que Eu Digo: não Ouça Ninguém. - Engenheiros do Hawaii. 

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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Rascunho: Homem de argila.




Homem de argila não existe.
Molde o ser humano, e ele será o que você quiser.
O alimente com ideias, e ele será teu seguidor.

Dizem assim:
De bons exemplos, bons humanos.
De maus exemplos, maus humanos.

No entanto fácil descobrir,
nem sempre é assim.

Ser humano, não é feito de argila,
não é moldado como se pensa.
E caso aconteça, fácil se quebra.

Ser humano de bom caráter,
é virtuoso de nascença.
E assim será, mesmo que cresça em chiqueiro.

O mau caráter, nada o modela,
poderá viver com mestres
e nenhuma etiqueta por si mesmo terá.

Pessoas medíocres serão sempre medíocres.

Escrito: 08/03/1999 Por: Fernando do Amaral

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