domingo, 24 de novembro de 2019

Eu li : Rebeca - Alguns não pecam por nada

Rebeca.

Livro: Alguns Nao Pecam por Nada.
Autor: Marco Buzetto.

Não contém spoilers.

A personagem Rebeca projeta em si mesma, tudo o que julga errado na sociedade.
Faz isso como uma forma de proteção, ela não quer ser vítima de ninguém, mesmo que para isso signifique ser vítima dela mesma. Uma jovem confusa, cheia de conflitos e chata, do tipo que usa a própria vida desenfreada para julgar os outros.

Leitura papo cabeça.
É possível se identificar com algumas opiniões da personagem, que são muitas.
Nos diálogos existem muitas frases de efeitos interessantes. Dever ler sem pressa para absorver melhor a ideia de cada capítulo.

A escrita tem uma influência brasileira muito grande. Ponto positivo já que existe uma tendência muito grande dos novos autores distanciarem do sul e se aproximarem mais do estilo norte americano, por conta dos best seller e filmes hollidianos. Confesso que esperava por termos de baixo calão. O autor optou por uma escrita mais comedida.

Rebeca é um livro caótico, denso, ruim de ler difícil de acompanhar e cansativo, e isso quem diz é a melhor amiga de Rebeca.
É um livro que aborda a filosofia e tem como fundo muito sexo é muita bebida alcoólica. A personagem principal é uma espécie pensadora ninfomaníaca, que critica duramente os costumes conhecidos como corretos. O sexo para ela tem várias formas, e nenhuma forma é imoral. Para ela imoral são as pessoas que não pensam e são escravas do falso moralismo. Existem alguns momentos que a personagem causa uma certa repulsa proposital no leitor, mas no final da leitura, ela se justifica de forma sincera e transforma o ódio em um sentimento pobre e sem sentido. É muito interessante a ligação entre sexo prolongado e os longos questionamentos na mente de Rebeca, como se uma coisa completasse a outra. Existe aqui uma espécie de quebra da quarta parede, em que a personagem sabe que é uma personagem e questiona quem se atreveria escrever sobre ela.

Rebeca é definitivamente uma experiência interessante.

Aqui, você poderá degustar um pouco dessa experiência!

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Rascunho: Eau de Vie.

Eu vejo pessoas indo para o trabalho.
Parecem formigas sem formigueiro.


Era assim em um céu escocês...
Mas que devaneio!
Sou um paulista na estação da Sé ouvindo Nazareth.

Peguei uma garrafa de whisky
e sai pisando no asfalto molhado.
Não era dia nem noite,
mas uma tarde que parece não ter fim.

Vi as pessoas passando por mim,
elas tinham medo da minha jaqueta,
do meu whisky, da minha calça surrada...
Elas comentavam alguma coisa,
sussurrando moralidade entre elas.
Mas quando elas chegam em casa,
vão assistir um filme ou novela,
com personagens iguais a mim.

Eu só quero encontrar alguém para conversar. 
Esperar a madrugada fria de sábado
ao lado de uma mulher.
Ela não precisa ser bonita,
mas sim boa de cama e de papo interessante.

Sabe como é?
Transar e depois falar de coisas que muitos evitam?
Talvez por uma noite, viver.
É tão bom viver assim, que quase posso viciar.
A futilidade hoje, me faz feliz.
E ser feliz é não ter que explicar nada.
Nada precisa ser para sempre
e sempre não precisa ser realidade.

Dias assim que vem e vão,
não precisam de complicação.
Só uma boa dose de qualquer coisa destilada.
Eu sopro uma fumaça e vejo formar uma cortina.
Aqui onde estou o mundo é engraçado.
Mas então lembro que preciso voltar.

Eu vejo pessoas indo para o trabalho.
Parecem formigas sem formigueiro.
Alguns com semblante de gado,
outros com cara de carrasco.
E elas me olham com repulsa.
Odeiam minha jaqueta,
minha calça suja e minha garrafa de whisky.

Sentem nojo de um rosto despreocupado às sete.
Que mundo é este em que ser normal,
é viver de forma estranha?
Que mundo é este em que o anormal,
é apreciado somente nas telas de ficção?
Não sou escravo do antagonismo,
e viver deveria ser gratuito.

Escrito: 29/04/2012 Por: Fernando do Amaral 

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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Rascunho: Identidade

"A expectativa dos outros sobre mim, é pesada demais para carregar."



O que sou,
senão um personagem de mim mesmo?
Quem eu interpreto em um dia qualquer?
E quão bom ator, eu sou nos dias especiais?

A expectativa dos outros sobre mim,
é estranha e pesada demais para carregar.
É um termo de responsabilidade que nunca assinei.
Nem sempre posso falar a verdade, ou agir diferente.
Terá alguém que me julgará.

Posso não me importar com o que pensam
mas isso não funciona quando existem laços.
E em prol da paz faço uma encenação,
sem direito a troféu.

Às vezes, quando estou sozinho,
reflito como tudo seria diferente,
se ao menos uma vez eu matasse meu personagem.

Meu personagem, é um hipócrita
que agrada quem gosta de etiquetas.
Meu personagem, é uma expectativa para outros.
Amigos, família, conhecidos, trabalho...

Mas o dia em que meu personagem não for educado,
tolerante, simpático e esquecer a polidez...
O dia em que não agradar meus laços,
então não interpretarei bem. Não serei um bom ator
e os espectadores criticarão duramente.

Se em uma situação inconveniente eu falar:
- Ah, Vá se foder!
Pronto, estou demitido do meu papel.
Entre vários defeitos, sou até mesmo bipolar.
Matei meu personagem.

Escrito: 11/12/2013 Por: Fernando do Amaral

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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Rascunho: O criador é carente.

A criação.


Existe um vazio tão grande aqui.
Por que existo senão para ocupar o vazio?
Mas não justifica minha existência.

Eu preciso de alguma coisa,
que exista por minha causa.
É excitante contemplar uma obra
e saber que ela só é possível por mim.

Preciso criar algo, que seja minha imagem.
De que serve a importância do meu ser no vazio?
Quero dar a forma para algo, modelar uma ideia.
Tornar real aos sentidos uma imaginação.

Preciso projetar minha essência no ambiente.
Quero paralisar a minha necessidade no tempo.
Ser perfeito em minha obra, e dela captar satisfação.

Talvez o que eu criar seja ilusão,
difícil de compreender, pouco aceitável.
Irrelevante para a evolução
e não me satisfaça tanto quanto idealizo.

Mas não será mais vazio,
terei o que observar e me sentirei especial.
Definitivamente, jamais sozinho.
"Quanto maior a criação, maior a solidão do criador”.


Escrito: 29/10/2012 Por: Fernando do Amaral

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