quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Rascunho: Amargura 2015.


E preste atenção,
a internet está ficando pior que televisão.


Ludibriei meus desejos
por necessidade de ser alguém.
Troquei minhas sensações por poder de consumo.
E tem quem pergunte, se o homem moderno é feliz...

E sabe o que eu odeio?
É gente bem sucedida
que cospe escárnio no sucesso.
Endinheirados da mídia, orientando
que não devemos reclamar do salário mínimo,
da má infraestrutura pública,
dos impostos e corrupção.

Acordo cedo e não tem água para o banho,
mas tem dia feliz que tem água,
pena que não tem eletricidade.
Um banho gelado,
uma roupa amassada e um café rápido.
E que comece o dia, com transporte lotado,
trânsito carregado e um dia cheio de trabalho.

Graças a Deus, parece que vai chover à tarde.
Pena que aquele trecho vai alagar
e vou chegar mais tarde em casa...
Pelo menos,
se um por cento da repressa subir já ajuda.
Essa história da crise da água é uma novidade.

Eu fico triste, parece que só tem novidade ruim.
Música ruim, filme ruim, livro ruim...
Os bons, não são tão divulgados.

E preste atenção,
a internet está ficando pior que televisão.

Ludibriei meus desejos
por necessidade de ser alguém.
Troquei minhas sensações por poder de consumo.
E tem quem pergunte, se o homem moderno é feliz...

E eu até gostava de assistir um futebol,
uma luta uma boa comédia.
Mas não sei, de uns tempos para cá,
tantos os esportistas quanto artistas
parecem que são irreais demais,
parecem não existirem no meu mundo.
Daí eu desligo tudo, e saio por ai com a mente ligada,
pensando em meus motivos para ser afortunado.

Tanta incerteza, tanta corrupção.
A copa, felicidade da Alemanha.
E eu não tenho nada com isso,
meus sete anos de trabalho e economia,
não comprará um bom imóvel.

Que contraste, na campanha todos são cidadãos.
Mas para falar de um governo ruim,
o cidadão ganha adjetivos pejorativos.

Até quando?
É democracia,
então como justificar “esquerda-direita”?
E é aquela palhaçada,
dizem que nação são união e pátria.

Partido não é bandeira.
Partido não é patriotismo.
Partido não representa a nação.
Partido é somente uma comédia triste,
para rir depois da eleição.

E o hino nacional,
não foi feito somente para enfeitar o gramado.

Escrito: 01/02/2015 Por: Fernando do Amaral

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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Eu assisti: Dark.





Tempo.
O tempo é considerado quase como uma entidade inerente a qualquer dogma ou filosofia, pertencente ao campo da ciência com uma definição relativa, e temática constante na ficção científica em diversos conteúdos em diferentes épocas. O interessante da ficção, é que pode tratar o tema inserindo um ou todos os itens mencionados, explorando aspectos específicos e aprofundando uma ou mais discussão.
Em Dark, o tempo para alguns personagens é um acessório quase que tangível, é possível voltar e avançar no tempo, e fazer disso uma ferramenta para construir o futuro, porém, existe o elemento chave de toda as ações, não importa os eventos, o futuro é imutável. No caso, voltar ou avançar no tempo serve para preservar o loop angustiante dos personagens.

Lugar.
Tirando as possibilidades do mundo virtual, é possível estar presente em somente um lugar por vez, em Dark, viajar no tempo não quebra essa regra, pois considere que a consciência é o que determina "estar presente". Quando por exemplo, Jonas do presente encontrava com Jonas do futuro, eram, consciências diferentes, então, quando alguém viaja pelo tempo, não é o mesmo que existir no passado e futuro. Talvez o mais próximo de um ser estar em dois lugares ao mesmo tempo, poderia ser a outra dimensão, o mundo B. Porém (e aqui pego um exemplo, existem outros), se Cláudia matou a Cláudia de outro mundo então são duas consciências diferentes.

Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou?

De certa forma, Jonas conseguiu responder essas questões existências sem ficar na filosofia, o preço para isso foi abrir mão da própria existência.
Quem sou?
Jonas descobre sua origem e as circunstâncias de sua origem. E vale destacar que ele não é o mesmo em diferentes períodos, e trazendo para o nosso mundo, também é exatamente assim, o eu de ontem não é o mesmo eu de hoje. Ter consciência disso é um poder pessoal considerável, pense que ser único em diferentes intervalos de tempo torna possível tomar decisões mais precisas de acordo com o ser presente no momento. Quem não sabe disso, vive preso em um "eu" do passado e toma as decisões como se fosse a mesma pessoa do passado ou age por impulsos de um vislumbre fantasioso do futuro. Foi assim que Jonas do futuro manipulava o Jonas do presente.
De onde vim e para onde vou?
Jonas poderia continuar vivendo em Loop infinito, porém diante a todo o sofrimento que ele e os demais estavam destinados, o melhor foi quebrar o Loop. Observe que não foi somente o lado ruim, mas também todo o lado bom, todas as experiências e sensações únicas de um ser humano passaram a não mais existir.
Assim como em Dark, não temos controle do antes e depois e o que importa é, estar presente. Claro que existe a prevenção para o amanhã, uma expectativa do futuro, porém não é um controle exato. Ter consciência disso, ajuda a compreender o quão importante é viver o tempo e lugar, e o que passar disso, pode ser uma ilusão difícil de escapar, assim como aconteceu com Jonas velho, que tinha a ilusão de controle sobre os acontecimentos na linha do tempo, e por conta disso causa sofrimento a si mesmo.

Dark é uma série que entrará fácil para a lista das séries queridas, que de tempos em tempos será comentada e usada como parâmetro para outras futuras do gênero. E por mencionar uma comparação, o fenômeno de Dark, foi parecido com o de Lost, com o diferencial que uma teve início, meio e fim.
Assim como Lost, abre espaço para diversas discussões e teorias. Ótima série, que merece ver de novo e formular novas opiniões.